Para que
possamos entender a relação entre as pessoas e as organizações, é necessário
definir o que é uma “organização”. Não é fácil dar uma definição simples de
organização. É frequente afirmar-se que vivemos numa sociedade de organizações.
Todos nós vivemos e passamos a nossa vida em diversas organizações (escolas,
clubes, grupos comunitários, empresas, organismos públicos, partidos políticos,
igrejas, etc.).
Daqui se depreende que as pessoas ocupam grande parte do seu tempo de vida
trabalhando ou vivendo em interação com as organizações. À medida que estas
crescem e se multiplicam, maior se torna a complexidade de recursos necessários
à sua sobrevivência e ao seu crescimento.
Antes de
tudo, é importante reconhecer que a própria ideia de organizar fundamenta-se no
facto de que o indivíduo é incapaz de satisfazer sozinho todas as suas
necessidades e desejos. No entanto, para ultrapassar as suas limitações individuais
as pessoas agrupam-se para formar organizações, no sentido de alcançar
objetivos comuns.
Os indivíduos, particularmente na sociedade
moderna, verificam que lhes faltam a capacidade, a força, o tempo ou
resistência para a satisfação das suas necessidades básicas de alimento, abrigo
e segurança. Mas quando diversas pessoas coordenam os esforços, verificam que
em conjunto conseguem realizar mais do que qualquer uma delas conseguiria se
atuasse sozinho.
O ser humano
é eminentemente social, ele não é capaz de viver isolado, mas sim em interação.
Coradi (1986, p.217) diz que a organização
é um sistema estruturado de relações em termos de autoridade, status e papeis.
O Homem
devido às suas limitações é obrigado a cooperar, a cooperação leva à
organização. Chiavenato (1994, p. 20) diz que uma organização somente existe quando: há pessoas capazes de se
comunicarem e que estão dispostos a contribuir com acção conjunta a fim de
alcançarem um objectivo comum.
Bernard
(1971, p. 58) define organização como um
sistema de actividades conscientemente coordenadas de duas ou mais pessoas. Desta
definição retira-se uma ideia básica de organização que é a coordenação do
esforço e a ajuda mútua.
Schein
(1982, p. 12) refere que, uma organização
é a coordenação planeada das actividades de uma série de pessoas para a
consecução de algum objectivo comum, explicito, através da divisão de trabalho
e através de uma hierarquia de autoridade e responsabilidade.
As
organizações são conjuntos ordenados de atividades humanas, mas só passam a
funcionar depois que as pessoas sejam recrutadas para ocupar determinados
papeis e executar determinadas tarefas, para com eles e por meio deles,
alcançarem objetivos organizacionais tais como: produção, rentabilidade e redução de custos (Mintzberg, 1996, p.
245).
Todavia, os
indivíduos uma vez recrutados e selecionados prosseguem objetivos pessoais,
servindo-se da organização para os conseguir. Assim a interdependência das
necessidades do indivíduo e as organizações é enorme, portanto as vidas como
objetivos de ambos estão inseparavelmente interlaçados.
De um lado as organizações são constituídas por pessoas. Por outro, as
organizações constituem para as pessoas um meio pelo qual elas podem alcançar
muitos e variados objectivos pessoais com um mínimo de custo, de tempo, de
esforço e de conflito, os quais não poderiam ser alcançados apenas através do
esforço individual (Chiavenato, 1994, p. 63).
Através
desta citação facilmente se constata a interação entre as pessoas e as
organizações que, na opinião de Bernard, é complexa e dinâmica. Isto porque
este autor faz uma distinção entre eficácia e eficiência quanto aos resultados
na interação das pessoas com as organizações. Segundo ele (1971, p. 59), o indivíduo precisa ser eficaz (atingir os
objectivos organizacionais por meio da sua participação) e ser eficiente
(satisfazer as necessidades individuais mediante a sua participação) para
sobreviver dentro do sistema.
É necessário
que dentro da organização exista uma política de pessoal, que tem como objetivo
não só apenas o local onde os Homens passam uma parte da sua vida, diante de
máquinas ou sentados numa secretária, mas é essencialmente um ponto de encontro
de influências humanas, sociais e económicas. A política de pessoal tem que
canalizar estas múltiplas influências, conceder a cada uma a importância
correspondente ao lugar exato que assume na organização e, por fim, coordenar
todas as medidas tomadas no sentido da satisfação dessas necessidades sociais,
humanas e económicas, sempre tentando conciliar os interesses da organização e
do seu pessoal.
Neste
processo de interação entre as pessoas e as organizações o grande desafio que
se coloca a ambas as partes são as necessidades, como refere Schein (1992, p.
18):
À medida que as necessidades das organizações mudam e dos empregados
também. O que um empregado (quer) num emprego aos 25 anos de idade pode ser
completamente diferente daquilo que esse mesmo empregado quer aos 50 anos de
idade.
O referido autor diz-nos ainda que no início da carreira as necessidades e as expectativas das pessoas giram
muito em torno da auto-experimentação. Elas precisam muito de saber se
conseguem contribuir para uma organização se têm capacidades e a energia para
executar certos tipos de trabalho, se conseguem trazer uma contribuição.
Ainda dentro
deste processo, há que ter em conta que o problema que se coloca ao gestor é
então, o de tentar estruturar a empresa, as relações interpessoais e a relação
de cada indivíduo com o seu cargo e as tarefas que o compõem, de tal forma que
o indivíduo, ao procurar satisfazer os seus objetivos pessoais, contribua
eficiente e eficazmente para os objetivos prosseguidos pela empresa.
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