quarta-feira, 12 de outubro de 2016

OS INDIVÍDUOS NAS ORGANIZAÇÕES


Para que possamos entender a relação entre as pessoas e as organizações, é necessário definir o que é uma “organização”. Não é fácil dar uma definição simples de organização. É frequente afirmar-se que vivemos numa sociedade de organizações. Todos nós vivemos e passamos a nossa vida em diversas organizações (escolas, clubes, grupos comunitários, empresas, organismos públicos, partidos políticos, igrejas, etc.).

 Daqui se depreende que as pessoas ocupam grande parte do seu tempo de vida trabalhando ou vivendo em interação com as organizações. À medida que estas crescem e se multiplicam, maior se torna a complexidade de recursos necessários à sua sobrevivência e ao seu crescimento.

Antes de tudo, é importante reconhecer que a própria ideia de organizar fundamenta-se no facto de que o indivíduo é incapaz de satisfazer sozinho todas as suas necessidades e desejos. No entanto, para ultrapassar as suas limitações individuais as pessoas agrupam-se para formar organizações, no sentido de alcançar objetivos comuns.

 Os indivíduos, particularmente na sociedade moderna, verificam que lhes faltam a capacidade, a força, o tempo ou resistência para a satisfação das suas necessidades básicas de alimento, abrigo e segurança. Mas quando diversas pessoas coordenam os esforços, verificam que em conjunto conseguem realizar mais do que qualquer uma delas conseguiria se atuasse sozinho.

O ser humano é eminentemente social, ele não é capaz de viver isolado, mas sim em interação. Coradi (1986, p.217) diz que a organização é um sistema estruturado de relações em termos de autoridade, status e papeis.

O Homem devido às suas limitações é obrigado a cooperar, a cooperação leva à organização. Chiavenato (1994, p. 20) diz que uma organização somente existe quando: há pessoas capazes de se comunicarem e que estão dispostos a contribuir com acção conjunta a fim de alcançarem um objectivo comum.

Bernard (1971, p. 58) define organização como um sistema de actividades conscientemente coordenadas de duas ou mais pessoas. Desta definição retira-se uma ideia básica de organização que é a coordenação do esforço e a ajuda mútua.

Schein (1982, p. 12) refere que, uma organização é a coordenação planeada das actividades de uma série de pessoas para a consecução de algum objectivo comum, explicito, através da divisão de trabalho e através de uma hierarquia de autoridade e responsabilidade.

As organizações são conjuntos ordenados de atividades humanas, mas só passam a funcionar depois que as pessoas sejam recrutadas para ocupar determinados papeis e executar determinadas tarefas, para com eles e por meio deles, alcançarem objetivos organizacionais tais como: produção, rentabilidade e redução de custos (Mintzberg, 1996, p. 245).

Todavia, os indivíduos uma vez recrutados e selecionados prosseguem objetivos pessoais, servindo-se da organização para os conseguir. Assim a interdependência das necessidades do indivíduo e as organizações é enorme, portanto as vidas como objetivos de ambos estão inseparavelmente interlaçados.

De um lado as organizações são constituídas por pessoas. Por outro, as organizações constituem para as pessoas um meio pelo qual elas podem alcançar muitos e variados objectivos pessoais com um mínimo de custo, de tempo, de esforço e de conflito, os quais não poderiam ser alcançados apenas através do esforço individual (Chiavenato, 1994, p. 63).

Através desta citação facilmente se constata a interação entre as pessoas e as organizações que, na opinião de Bernard, é complexa e dinâmica. Isto porque este autor faz uma distinção entre eficácia e eficiência quanto aos resultados na interação das pessoas com as organizações. Segundo ele (1971, p. 59), o indivíduo precisa ser eficaz (atingir os objectivos organizacionais por meio da sua participação) e ser eficiente (satisfazer as necessidades individuais mediante a sua participação) para sobreviver dentro do sistema.

É necessário que dentro da organização exista uma política de pessoal, que tem como objetivo não só apenas o local onde os Homens passam uma parte da sua vida, diante de máquinas ou sentados numa secretária, mas é essencialmente um ponto de encontro de influências humanas, sociais e económicas. A política de pessoal tem que canalizar estas múltiplas influências, conceder a cada uma a importância correspondente ao lugar exato que assume na organização e, por fim, coordenar todas as medidas tomadas no sentido da satisfação dessas necessidades sociais, humanas e económicas, sempre tentando conciliar os interesses da organização e do seu pessoal.

Neste processo de interação entre as pessoas e as organizações o grande desafio que se coloca a ambas as partes são as necessidades, como refere Schein (1992, p. 18):

À medida que as necessidades das organizações mudam e dos empregados também. O que um empregado (quer) num emprego aos 25 anos de idade pode ser completamente diferente daquilo que esse mesmo empregado quer aos 50 anos de idade.

O referido autor diz-nos ainda que no início da carreira as necessidades e as expectativas das pessoas giram muito em torno da auto-experimentação. Elas precisam muito de saber se conseguem contribuir para uma organização se têm capacidades e a energia para executar certos tipos de trabalho, se conseguem trazer uma contribuição.

Ainda dentro deste processo, há que ter em conta que o problema que se coloca ao gestor é então, o de tentar estruturar a empresa, as relações interpessoais e a relação de cada indivíduo com o seu cargo e as tarefas que o compõem, de tal forma que o indivíduo, ao procurar satisfazer os seus objetivos pessoais, contribua eficiente e eficazmente para os objetivos prosseguidos pela empresa.


Sem comentários:

Enviar um comentário